Mulher pegou um táxi e foi para uma estação de metrô no dia do início de seu julgamento.
Por Octavio Neto
Fonte: G1.com
30/09/2021
O juiz do caso,
Dominik Gross, disse que a corte emitiu um mandado de prisão
contra a mulher quando ela estava desaparecida.
"Um médico vai determinar se pode ser detida, e o
tribunal decidirá depois se a ordem de detenção será executada ou não",
afirmou a porta-voz do tribunal, Frederike Milhoffer.
Ela deixou a casa onde ela vive de táxi
na quinta-feira (29) pela manhã e foi a uma estação de metrô na periferia da
cidade de Hamburgo, de acordo com informações de Milhoffer.
Os promotores afirmam que a mulher era
parte de um esquema que auxiliava o funcionamento do campo nazista
durante a Segunda Guerra, há mais de 75 anos.
A corte afirmou que antes do processo, a
ré supostamente teria ajudado e incitado os responsáveis pelo campo no assassinato
sistemático dos presos entre junho de 1943 e abril de 1945 em sua função
como estenógrafa e datilógrafa no escritório do comandante do campo.
Como ela tinha menos de 21 anos na época,
a mulher, que hoje tem 96, responde a ação em uma corte juvenil. Segundo a
mídia alemã, ela se chama Irmgard Furchner.
Ré tentou escapar da prisão dizendo que não tinha saúde
Em Jerusalém há uma organização
que busca levar nazistas e colaboradores à Justiça chamada Simon Wiesenthal.
O líder dessa
organização, Efraim Zuroff, disse que antes de fugir a ré havia tentado escapar
do julgamento alegando que ela estava em um estado de saúde frágil para comparecer
à corte. "Aparentemente, não era bem o caso", disse Zuroff.
"Se ela é
saudável para fugir, é saudável para ir para a prisão", afirmou
ele. A fuga também deve ser levada em conta na hora de decidir qual será a
pena, segundo Zuroff.
Há jurisprudência
estabelecida de condenações de pessoas que trabalharam em campos de
concentração como auxiliares que foram condenados, mesmo sem evidência de que
eles tenham participado de algum crime específico.
Advogado diz que cliente trabalhava lá, mas não sabia dos
assassinatos
O advogado que a
represente disse à revista "Der Spiegel" que tentaria construir o
caso na dúvida a respeito da ciência, por parte da ré, das atrocidades que
foram cometidas no local de trabalho dela.
"Minha cliente
trabalhou no meio de homens das tropas SS que tinham experiência com violência,
no entanto, isso significa que ela compartilhava o que eles sabiam? Isso não é
necessariamente óbvio", disse o advogado Wolf Molkentin.
De acordo com outras
publicações da mídia, a ré já havia sido interrogada como testemunha durante os
julgamentos anteriores e disse na época que o ex-comandante da SS em Stutthof,
Paul Werner Hoppe, ditava cartas diárias e mensagens de rádio para ela.
Furchner disse que não
sabia dos assassinatos que ocorreram no campo enquanto ela trabalhava lá.
Mais de 60 mil mortos nesse campo de concentração
O campo de Stutthof
ficava na Políonia. Era um local para onde os nazistas levavam judeus
e alguns poloneses retirados da cidade de Danzig (hoje o nome da
a cidade é Gdansk).
A partir de 1940,
Stutthof foi usado como um "campo de educação para o trabalho" —ou
seja, uma prisão onde havia trabalho forçado.
Em meados de 1944,
dezenas de milhares de judeus de guetos no Báltico e de Auschwitz foram levados
ao campo, junto com milhares de civis poloneses presos após a repressão nazista
ao levante de Varsóvia.
Lá também havia presos
políticos, criminosos acusados, pessoas suspeitas de atividade homossexual e
Testemunhas de Jeová.
Mais de 60 mil pessoas
foram mortas no local, recebendo injeções letais de gasolina ou fenol
diretamente no coração, ou sendo baleadas ou morrendo de fome. Outros foram
forçados a sair no inverno sem roupas até morrerem de exposição, ou foram
condenados à morte em uma câmara de gás.
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